
O futebol português prepara-se para viver um momento histórico este sábado. O dérbi eterno entre Benfica e Sporting pode transformar-se num dérbi inédito, com título em jogo para ambos os lados. Com os rivais empatados no topo da tabela (78 pontos), um triunfo pode consagrar, de imediato, o novo campeão nacional.
O Estádio da Luz será palco de um confronto com contornos de conclave, onde poderá sair fumo branco a anunciar o campeão ou fumo preto que adia a festa para a última jornada. A analogia religiosa não é por acaso: esta possível decisão do campeonato acontece na mesma semana da Peregrinação de Fátima, e poucos dias antes das eleições legislativas.
O Benfica procura o 39.º título e o 10.º bicampeonato da sua história, o último alcançado em 2014-2015. Já o Sporting persegue algo que lhe foge há 73 anos: o terceiro bicampeonato, feito só conseguido nos tempos lendários dos “Cinco Violinos”.
A dimensão histórica do jogo é inegável. Dos 90 dérbis na Luz, o Benfica venceu 50, o Sporting 16, e houve 24 empates. Mas os leões têm memórias felizes em jogos decisivos: em 1947-48 venceram por 1-4 na Luz e garantiram o título.
Este sábado, Gyökeres (52 golos esta época), a nova lenda leonina, tenta imitar Peyroteo. Do outro lado, Pavlidis e Di María simbolizam a esperança encarnada. E, para ambos os clubes, o troféu será também uma arma eleitoral: Varandas pode igualar João Rocha com três títulos, e Rui Costa reforçar o seu estatuto presidencial antes das eleições de 2025.
Se houver campeão, a romaria ao Marquês pode anteceder a de Fátima. Caso contrário, tudo se decide na última jornada: Braga-Benfica e Sporting-Guimarães.