Assustador Filha de José Manuel Anes descreveu nas redes como planeava matar o pai

Ana Anes, na casa dos 40 anos, estava com paradeiro incerto, mas acabou sob custódia da Polícia Judiciária. Eram 02:40 quando deu entrada no Estabelecimento Prisional de Tires. Pediu, no momento em que foi revistada, para não lhe retirarem as fotografias do pai

A primeira notícia dava conta de um homem na casa dos 80 anos atacado em casa, com uma faca. Pouco tempo depois tornou-se público que se tratava de José Manuel Anes, antigo presidente do Observatório de Segurança, Criminalidade Organizada e Terrorismo (OSCOT) e que a suspeita do ataque era a sua própria filha. Até ficar sub custódia da Polícia Judiciária, Ana Rawson, na casa dos 40 anos, conseguiu fazer algumas publicações nas redes sociais.

Em alguns posts descreve o que fez ao pai, de forma pormenorizada, noutros faz acusações no mínimo questionáveis sob o passado deste incluindo, por exemplo, que teria sido ele a fabricar a bomba que, acusa, matou Sá Carneiro, no caso de Camarate.

O historiador e investigador, com 81 anos, foi transportado em estado grave para o hospital de São José, mas está livre de perigo. De acordo com um comunicado da PSP divulgado segunda-feira, horas depois do incidente, as autoridades explicam que a patrulha se deslocou ao local pelas 13:54 por haver “notícia de agressões alegadamente de uma filha ao próprio pai”. A polícia encontrou um “homem prostrado no solo ensanguentado”. “A vítima tinha vários ferimentos e lacerações, no abdómen, mãos e pernas, aparentemente provocados por um objeto cortante. Apresentava ainda hematomas nos olhos provocados pelos dedos da suspeita”, refere a polícia.

“Testemunhas informaram que teria sido visualizada uma suspeita do sexo feminino, alegadamente familiar da vítima do sexo masculino, a sair da residência, sendo que, temendo pela integridade física do mesmo, já tendo conhecimento do histórico de violência doméstica, deslocou-se de imediato à sua residência, onde se deparou com o homem de 81 anos prostrado no solo ensanguentado”, refere o comunicado da polícia. “A suspeita do sexo feminino tem cerca de 40 anos e a identificação e paradeiro não foi possível apurar de momento, face ao estado clínico da vítima.”

A PSP efetuou diligências de preservação do local do crime e contactou com a Polícia Judiciária. Recorde-se que José Manuel Anes é também professor universitário e um dos mais conhecidos criminalistas do país. Também é autor de várias obras sobre esoterismo e espiritualidade sendo, também, um conhecido maçom, tendo sido grã-mestre da Grande Loja Regular de Portugal.

Depois de dar entrada no Estabelecimento Prisional de Tires e durante a revista, a CNN Portugal apurou que Ana Anes, que se identifica como Ana Rawson, solicitou que não lhe fossem retiradas as fotografias do pai. No momento da condução à cela, foi observado que se encontrava emocionalmente fragilizada, apresentando sinais de choro. Durante o turno da madrugada, foi monitorizada com regularidade e manteve-se sempre deitada, sem causar qualquer situação de risco ou distúrbio. Não foram registados comportamentos agressivos, auto lesivos ou de agitação.

Esta terá também referido que, habitualmente, toma um medicamento para dormir – o Diazepam. No entanto, não lhe foi administrada a medicação, uma vez que não se encontrava presente pessoal clínico autorizado. Apesar disso, conseguiu adormecer e repousar ao longo da noite.